Brasileiro foi o melhor estreante no 90º aniversário da mais
tradicional corrida de resistência do planeta e recebeu, nesta semana, elogios
do Dr. Wolfgang Ullrich, diretor da equipe da fábrica alemã, e também do maior
vencedor da prova, o dinamarquês Tom Kristensen
Um traçado
longo, de mais de 13 quilômetros de extensão, sete tipos de asfalto pelas estradas
interioranas do distrito de La Sarthe, uma instabilidade climática de dar
inveja ao circuito de Interlagos, média horária superior aos 240 km/h por
volta, 56 carros de quatro categorias, recorde de intervenções do carro de
segurança em uma corrida de 24 horas de duração. Ingredientes que, somados à
superação, alegrias e tristezas fazem das 24 Horas de Le Mans a mais
espetacular corrida de longa duração do mundo.
Cercada de
histórias e conhecida por fabricar verdadeiras lendas do automobilismo mundial,
a prova, que aconteceu no último dia 22 de junho, teve a estreia do brasileiro
Lucas di Grassi. O piloto, contratado pela Audi - vencedora de 12 das últimas
15 edições das 24 Horas -, fez sua primeira aparição em Le Mans e correu ao
lado do espanhol Marc Gené e do britânico Oliver Jarvis.
E a exemplo
das outras corridas que disputou pela equipe das quatro argolas, Lucas mais uma
vez terminou no pódio. O terceiro lugar foi a coroação do melhor estreante da
81ª edição das 24 Horas de Le Mans. A vitória ficou com sua equipe, no carro de
número 2, pilotado pelo escocês Allan McNish, pelo francês Loic Duval e pelo
dinamarquês Tom Kristensen, que ampliou seu recorde, com nove triunfos em La
Sarthe.
Antes da
largada, Lucas também havia sido premiado com o troféu destinado ao estreante
dono da melhor volta na pista durante os treinos. Entretanto, as coisas não
foram fáceis para o trio do carro número 3 durante a prova. Cada vez mais
ganhando confiança dentro do time, coube a Di Grassi guiar o Audi R18 e-tron
quattro na largada. E esta foi a parte mais difícil da prova, na opinião do
brasileiro. "Sem dúvida a largada
foi a parte mais difícil para mim, porque além da pressão de ser a minha
primeira corrida em Le Mans, houve o acidente que tirou a vida do Allan
Simonsen, uma entrada do safety car na pista que durou praticamente uma hora, e
também a questão da chuva em trechos da pista com todo mundo usando pneu de
pista seca", lembrou o piloto de 28 anos.
Sobre o
acidente fatal com o dinamarquês do Aston Martin #95, Lucas disse ter recebido
a notícia assim que deixou o carro após seu primeiro turno. "Recebi a notícia direto do meu chefe
Dr. Ullrich. Ele me disse assim que saí do carro e fiquei absolutamente chocado
com essa fatalidade", contou.
Houve mais
momentos difíceis na prova para o Audi #3, como o furo no pneu traseiro direito
logo que caía a noite no circuito. Oliver Jarvis acabava de passar pela linha
de chegada. "Ele teve que completar
uma volta inteira, mais de 13 quilômetros, em três rodas. Isso nos fez perder
muito tempo", apontou o brasileiro. Jarvis conseguiu trazer o carro em
boas condições aos boxes e voltou na quarta posição, atrás dos R18 de McNish e
dos Toyotas de Sebastien Buemi e Kazuki Nakajima.
Durante a
madrugada, Lucas novamente assumiu o cockpit do e-tron e iniciou uma perseguição
que manteve grande parte das 245 mil pessoas presentes ao autódromo acordadas. "Depois de ter perdido muito tempo por
ter dado uma volta completa com três rodas, precisamos tirar mais de uma volta
de diferença para os Toyotas. No meu turno de madrugada eu consegui tirar mais
de um minuto do (Kazuki) Nakajima, e isso me deixou extremamente
satisfeito", afirmou.
No fim, o
trio recuperou a terceira colocação e assim Lucas subiu ao pódio de Le Mans em
sua primeira participação na corrida, igualando os feitos de Raul Boesel (1991)
e Ricardo Zonta (2008) no geral da prova.
O desempenho
na parte inicial da prova e a caçada noite adentro contra o Toyota que estava
um minuto e meio à frente renderam elogios de dentro da equipe. Vencedor e
recordista de triunfos na prova, o dinamarquês Tom Kristensen dividiu o carro
com Lucas em duas ocasiões, nas 6 Horas de São Paulo do ano passado, na estreia
do brasileiro no time, e nas 12 Horas de Sebring, em março deste ano. "O que o Lucas fez foi fantástico.
Estamos muito orgulhosos do que ele fez aqui em Le Mans", disse.
O diretor de
esportes a motor da Audi, Dr. Wolfgang Ullrich, também fez questão de ressaltar
o bom trabalho desempenhado por seu piloto estreante. "Foi a primeira vez de Lucas em Le Mans e acho que depois de suas
primeiras voltas ele ficou bastante impressionado com essa pista, que é muito
especial. Ele mostrou durante os testes e os treinos antes da prova que ele se
adaptou muito rápido a este traçado único. Ele foi constantemente rápido e fez
um excelente trabalho na corrida sem ter cometido um único erro. Foi realmente
um início perfeito para ele, sobretudo por estar aqui pela primeira vez", afirmou.
Dormir? "Já haviam me dito que na primeira vez
em Le Mans o piloto estreante não consegue dormir. Com a experiência isso vai
melhorando. O fato é que eu dormi mais ou menos uma hora durante a corrida
inteira. Tanto que eu estava exausto depois da prova e quase dormi na coletiva
de imprensa!", concluiu Lucas.
Rafael Durante (Mtb 48.044)
Foto: Audi Sport / Divulgação
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